Há uma grande diferença entre confiança e resignação. Qualquer um pode resignar-se, mas só aqueles que são íntimos do Criador ousam confiar. Confiança demanda conhecimento. Dar o passo da fé, descansando na sabedoria do Senhor, é uma grande aventura. Quanto mais clara é a visão que temos de Deus, mais fácil é para nós confiarmos nele. Ao mesmo tempo, são as dificuldades que atravessamos juntos que nos levam a enxergá-lo melhor. De certa forma, esse é um favor que o sofrimento nos presta. Isso só é possível graças à capacidade divina de extrair o bem do mal (Gn 50.20). Não foi Deus quem inventou o sofrimento. Mas foi ele, certamente, quem descobriu como usá-lo.
Certa ocasião, um menino entrou numa loja acompanhado de seu pai. Logo sua atenção foi atraída para uma porção de balas sortidas, colocadas dentro de um cesto, em cima do balcão. O vendedor reparou na forma como o garoto olhava para as balas. Com um sorriso no rosto, ele lhe disse que apanhasse algumas delas. Mas o menino não se moveu. Continuou a olhar para os doces, com ar de timidez. O vendedor insistiu:
– Vamos, pegue algumas balas para você.
No entanto, o garoto permaneceu quieto. Ao ver o que estava acontecendo, o pai interveio.
– Tudo bem, filho. O moço está dando para você. Pode pegar as balas.
Então, o jovenzinho finalmente falou. Ele se voltou para o pai, e disse:
– Não, pai... a mão dele é maior que a minha!
O entendimento de que as mãos (e o coração) de Deus são maiores do que os nossos constitui-se no segredo da verdadeira confiança. Ele nos faz acreditar que tudo o que o Senhor nos der será mais (e melhor) do que aquilo que poderíamos arrancar com nossas próprias mãos. Esse conhecimento, muitas vezes, é alcançado em meio a tribulações. Mas obtê-lo é sempre compensador. Ele nos faz crescer através das crises. Faz-nos orar como Jesus, pedindo que seja feita a vontade do Pai. E nos faz crer que isso será, obrigatoriamente, o melhor.
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